Estava lendo alguns poemas
que escrevi a muitos anos passados, numa fase complicada, bebia praticamente
todos os dias e o dia inteiro, me culpando, me desprezando, de modo geral me
atrasando na vida. Relendo estes tais poemas encontrei um cara perdido, um cara que me faz muita falta, porém vejo
que hoje não me faria bem. Aquele Mabson romântico, tinha uma essência que hoje
não tem mais, ele tinha sonhos, não previa as maldades alheias, não sabia
distinguir certas ironias. Lendo aquele Mabson de anos atrás percebi que muito
pouco dele veio junto até hoje comigo, a frieza nasceu junto as suas escolhas
mal pensadas, a frieza nasceu quando viveu seus momentos mais quentes.
Meus rascunhos escritos com canetas mesmo, em
papeis diversos, guardanapos, embalagens de pão, comandas de bar, papel higiênico (muita merda escrita), folhas de cadernos, enfim, não interessava a
matéria prima onde a caneta iria riscar, bastava apenas ter onde externar
coisas que eu imaginava poder engasgar. Por alguma incompetência minha trago hoje ainda comigo
esses escritos, nunca tencionei destinos para eles, ainda não tenciono. Voltando nesse passado
por entre poemas, trechos soltos e alguns textos, saí catando retalhos de
mim, tentando encontrar onde houve a
transição de um garoto perdido e sem maldades para um homem bruto, frio, seco,
não por acaso consciente, perfeccionista, tolerante e complexo a cada dia. Foi
uma baita transição, mas, contudo um amadurecimento, e foi bom ter deixado para
trás muito daquele garoto, pois o que
ficou não tem como ser estragado, o que seguiu jamais será mudado, virou
concreto o que antes eram dúvidas e causavam receios. E a essência, a tal
essência, ela veio junto e eu temia admitir, mas ela veio junto travestida como
"razão".
O medo ficou lá no passado, hoje não me incomoda
os tapas na cara, os pré-julgamentos ou
a incompreensão de coisas óbvias. Agir acertadamente ou não, é natural
de todo ser humano, ser mal interpretado é bem mais fácil que ser compreendido.
Aquele garoto do passado me ensinou a usar a essência nas
coisas essenciais, me ensinou a dar a proporção devida a cada problema, saber
medir seu nível de preocupação de acordo com sua consciência e nada mais.
Eu lendo o garoto e
aprendendo, vou tentar segura-lo aqui por mais um tempo do meu lado (de
dentro), tenho muito a resgatar dele, e sem o risco de perder tudo que já foi
passado.
Acabo aqui usando uma frase
daquele garoto.
"Gargalhadas de quem ri
de um palhaço igual a mim, são apenas irônicas risadas forçadas, por não saber
sentir o palhaço sério que há em mim."
José Mabson

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