segunda-feira, 25 de maio de 2015

INÚTIL

É inútil, insuportável, letal a força que temos e não sabemos, a vontade que apenas sentimos e não nos atrevemos a usar, os desejos que desejamos e vivemos apenas a desejar, os sonhos que sonhamos e não nos propomos a acordar, os amores que dizemos sentir e não aprendemos a amar. É inútil, insuportável a maneira e o medo, o meio  e os fins que usamos nas formas variadas de amar, nos sentimentos fingidos que todos sabem usar, nas ilusões mais tolas que sonham e acham do que seria amar. É inútil essas delirantes formas de amar, é inútil que mesmo de olhos abertos o "coração" insiste em querer cegar. É insuportável ser inútil quando se propõe a amar.
É tão tolo, tão superficial ver pessoas que em menos de uma semana dedicam um amor eterno por algo que nem um calendário de um mês essa pessoa chegue a durar, carência deprimente isso que acontece sempre com quem não consegue se amar em primeiro lugar. É inútil essa tal palavra de dor travestida da palavra "amor".
 
 
Inútil
 
 
Deixo meus olhos assim me cegar
Vendado a enxergar o amor
Meu peito de dor blindado está
Peito fechado, sentimento no ar.
 
Deixo meus olhos não te enxergar
Deixo meu peito te acolher
Me prendo a cada olhar
Me faço vazio pra não amar.
 
Não finjo sorrisos e carinhos
Não sinto nenhum calafrio
Quando amo mesmo que rápido
Sou intenso, sou fogo e frio.
 
Os carinhos óbvios não sei doar
O eu sempre único bruto
É o que se espera, se quer
O que me faz não ser, só se quer.
 
Inútil, insuportável, desejado
Assim é o amor real? cadê?
Quem é o amor? Onde anda?
Quem o encontrou? Por que acabou?
 
O que se espera de um abraço?
O que se espera de um beijo?
O que desfaz o amor?
O tesão no fim, a dor ou o despertar?
 
Deixo meus olhos sempre cegos
Pra não pensar com emoção,
Deixo meu ego vazio sempre
Pra não me pôr ilusão.
 
Deixo minha boca em alerta
Cabeça agindo sem emoção
Deixo as opções pra emergência,
Cada saída, um amor, turbulência.
 
Sou frio, bruto, racional
Sou inútil, narciso, sozinho
Sou nada de quase tudo,
Amo mesmo, sem saber amar.
 
 
José Mabson
23/05/2015

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