sábado, 22 de agosto de 2015

(***) O QUE ESCREVER?

Eu queria sim poder escrever algo impactante, importante, proveitoso, queria sim escrever algo bonito, interessante, intenso, moderno ou épico, eu queria muito ver o que escrevo servindo pra algo, servindo pra alguém, queria muito escrever no mínimo "bem". As vezes quase sempre acho que as pessoas que leem o que escrevo são sempre simpáticas comigo ao falar que gostou do que leu, muitas deles nem leem o que escrevo. Eu queria poder de fato me preocupar com o que acham do que escrevo, queria muito poder me ver como escritor, queria poder ser reconhecido, mas pra quê? Pra escrever preocupado em agradar? Não não, prefiro escrever atoa, escrever pra mim mesmo e de mim mesmo como sempre faço, sem métricas, contextos, concordâncias e acertos gramaticais ou rimas.
Mas eu queria sim um dia poder  escrever algo impactante, bonito, inesquecível, útil, queria até poder ler o que escrevo depois que escrevo. Enfim, agradeço a quem realmente gosta do que escrevo, agradeço a quem nem lê, só não agradeço a mim pela ilusão de que devo ainda escrever algo impactante...

(***)

A vida de um poeta só começa depois que algo acaba, embora acabe antes a própria vida. No papel cuspo as agonias que enchem meu peito, no papel vivo o que seria perfeito, no papel escrevo e depois deito, faço dele travesseiro de insônia, faço do papel o que a vida deixa a desejar, desejos num papel são só sonhos de quem não dorme.

(***)

Que prático seria
Se não houvesse teoria,
Sempre merdas eu faria,
Mas existe a covardia.

Me alimento de um ego vazio
Me esvazio da visão cega do dia
Me vejo no escuro
Em plena luz do dia.

Uma expectativa a espera,
A espera da noite que viria
Lembranças do dia anterior
Planos caídos, panos de espinhos
Realidades de uma vida vazia.
Quem diria o quero ouvir?
Quem dirá o que já ouvi?

Passado e futuro é covardia
Eles são presentes todos os dias,
Delírios e desejos é covardia
Eles te procuram todos os dias.

Escrevo cartas e poemas
Escrevo textos, teoremas
Escrevo até o que já escrevi
Esqueço até coisas que não vivi.

Me alimento de um ego vazio
Me encho, me vivo, me sinto
Me alimento de um ego vazio
Vômito, cuspo, escarro sozinho.

Que prático seria
Se não houvesse a porra da teoria,
Que estrago haveria de ter
Se tudo fosse perfeito no dia?

Que pena, deu pane, saco cheio
Escrever com aviso:                  
"0% de bateria"
Que pena, tomada só na cozinha.

José Mabson
14/08/2015

2 comentários:

lucilene araujo disse...

Você escreve muito bem Mabson Boas palavras

lucilene araujo disse...

Você escreve muito bem Mabson Boas palavras