"... Lembro bem de quando criança sempre via a alegria de minha avó materna ao ver o carteiro descendo a rua e fazendo entregas de cartas e quando chegava em nosso endereço a alegria aumentava ao receber as suas, os olhos brilhando, suas mãos tremulas de alegria, medo, ansiedade, e ao ler sempre suas lágrimas caindo, as vezes um sorriso junto as lágrimas, respiração acelerada... Eram noticias de novidades e situações de 15 ou 20 dias passados mas se tornavam acontecidas em tempo real ao recebimento da carta."
( + ou - 1992)
... Hoje vi minha mãe mas não falei, ontem falei com ela mas não a vi, hoje temos tudo tão perto mesmo de longe, vizinhos que se trombam nas ruas e não se falam e quando sentam na frente de seu computador ou usam seu aparelho móvel parece ser o melhor amigo de quem trombou a pouco, sentamos junto com amigos e nenhum se encontra presente...
Tenho uma grande amiga que assim se fez, virtualmente e hoje tão presente quanto aos que convivi na minha infância e aos que convivo hoje, diria que até mais presente que muitos. Quase dois anos atrás começamos a ter contato, engraçado que já fomos vizinhos e nunca, praticamente nunca direcionamos nem se quer olhares, sempre confesso a admiração que por ela tenho, desde quando ela ainda criança eu já tinha essa admiração e hoje mais ainda pela mulher que ela se tornou.
... Hoje ela me deu de presente o prazer de amenizar a saudade que tenho de minha mãe que hoje é sua vizinha e por incrível que pareça ela também não tem contato, talvez teria contato se minha mãe usasse a modernidade que hoje é absurda e assustadora, essa tal modernidade que reclamo hoje aqui me tirou um pouco da saudade e curiosidade de ver minha mãe, mas ao mesmo tempo me deu uma impotência cruel de ver e não poder abraçar, dedico então a postagem de hoje a essas duas mulheres a quem admiro imensamente. E pra não perder o costume abaixo vai um complemento falando um pouco dessa nova geração que já se tornou virtual, pois nas ruas lutando pelo seu ideal ninguém vê...
VIRTUAL(FICANDO)
Num click tudo nas mãos
fora de controle
uma noticia difama
pelo prazer da humilhação.
Num click tudo nas mãos
fora de sentido
sem nenhuma precaução
pelo prazer da diversão.
Num pique nada se esconde
tudo se torna nítido
sem flash
no escuro tudo é visual.
Num palpite
todos julgam definido
uma simples observação
te condena como um cão.
Num click até se consegue paixão
palavras lindas de carinhos
uma caminhada sem espinho
tudo é visual, perfeição é normal.
Num click
a tristeza também se emite
quase sempre sem noção
de quem escreve e de quem lê,
depois vira gozação.
Num click
termino aqui...
José Mabson
29/08/2014


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